Quando a água vira motivo de guerra

O ouro pode ser encontrado em rios, na maioria das vezes em forma de poeira fina proveniente do desgaste de rochas vulcânicas.

O petróleo, fonte de rica importância mundial, pode ser trocado por outras fontes de energia no combate a sua escassez.

A água ocupa 1,39 bilhão de km cúbicos em todo o planeta, desse volume, somente 104,59 mil km cúbicos é de água doce superficial.

Você deve estar se perguntando o que o ouro e o petróleo tem a ver com a água.

Quando falamos de riquezas naturais, logo pensamos nos três itens citados, mas quando se trata de uma crise financeira mundial o caso da água se inverte. Água não se substitui, nem tampouco se fabrica, e ainda ocupa 60% do corpo humano, sendo assim um direito de todos nós. Além dos 60% de água em nosso organismo, contamos com ela para matar a sede, cuidar da higiene, produzir alimentos, gerar energia e bens industriais. Mas nem todos possuem o privilégio de desfrutar dessa abundância universal.

Desde o inicio das civilizações, os recursos hídricos eram foco de guerras, hoje, em pleno século XXI, esses conflitos milenares continuam. Essa escassez chega a provocar guerras civis e revoltas populares, como ocorreu na Índia, em 2007, fazendeiros invadiram o reservatório de Hirakud, revoltados com a quantidade de água destinada ás indústrias. Mas o assunto também parece não se resolver na base de tratados, nos últimos anos já foram estabelecidos mais de 400 acordos mundiais para o uso correto e justo dos recursos hídricos.

Essa justiça é praticamente inexistente quando nos referimos aos angolanos, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2006, um americano consome diariamente a quantidade de água que 29 angolanos precisam dividir entre si. Logo esse direito transforma-se em mercadoria e a cobrança pelo uso da água deixa de ser um absurdo e passa a ser realidade.

Imagine se a água passa a ser de um direito universal para commodity, sendo acessível somente as pessoas que possam pagar. Isso já acontece na França, Alemanha e no Reino Unido.

No Brasil, o valor da conta mensal de água refere-se ao custo de tratamento e distribuição, mas a ideia de cobrança já chegou aqui no final da década de 1990. O resultado foi que poucos aprovaram a lei, o primeiro a aprovar foi o Ceara, totalmente prejudicado pelas secas.

O maior problema da água no Brasil, é o acesso desigual, enquanto em algumas cidades a água é abundante, em outras a seca gera mortes.

A população mundial aumentou muito nos últimos 10 anos, a economia global também subiu e por incrível que pareça, países enriquecendo também significa indústrias e agricultura crescendo, os maiores consumidores de água no planeta. Mas essa riqueza muda rapidamente à história quando olhamos o outro lado, se a água não for tratada, distribuída e utilizada adequadamente, a população adoece e não consegue trabalhar, a falta de trabalhadores e de saúde interfere diretamente a capacidade de uma sociedade enriquecer.

5 Respostas para “Quando a água vira motivo de guerra

  1. Essa quantidade de água disponível no planeta é suficiente para todos. O que faltam são iniciativas de desenvolvimento sustentável que visem a economia e o tratamento de água, aliado a uma rigorosa política de distribuição. Porém, a nossa estrutura de sociedade (piramidal de cima pra baixo, com referência no dinheiro) dificulta muito essas medidas. A água, como quaisquer outros recursos naturais, seria incalculavelmente mais eficiente com uma boa dose de bom senso e mudança de mentalidade, o ego coletivo ainda é privilegiador.
    Boa abordagem, Carlita! ^^
    beijus!

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